quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Capitulo 3

Postado por Estante de Livros às quarta-feira, dezembro 04, 2013
(TRÊS)
— Uma viagem de carro — Colin disse.
Aos pés dele havia uma bolsa de viagem abarrotada e uma mochila, tão cheia que parecia
que ia explodir a qualquer instante, contendo apenas livros. Ele e Hassan estavam sentados
em um sofá de couro preto. Os pais de Colin sentavam em um sofá idêntico, de frente para
os dois.
A mãe balançava a cabeça ritmadamente, como um metrônomo, com ar de reprovação.
— Para onde? — ela perguntou. — E por quê?
— Sem querer ofender, Sra. Singleton — Hassan falou, colocando os pés em cima da mesa
de centro (o que não se deve fazer) —, mas a senhora está meio que não entendendo o
espírito da coisa. Não existe um onde nem um por quê.
— Pense em tudo o que você poderia fazer nesse verão, Colin. Você poderia aprender
sânscrito — disse o pai. — Sei como vem querendo aprender sânscrito.6 Vai ficar mesmo
feliz viajando de carro por aí sem destino certo? Isso não combina com você. Francamente,
dá a impressão de que está desistindo.
— Desistindo de quê, pai?
O homem fez uma pausa. Sempre fazia isso depois de uma pergunta e, quando então
falava, as frases saíam inteiras sem “hum”, nem “tipo”, nem “né” — como se ele tivesse
decorado a resposta.
— É doloroso para mim dizer isso, Colin, mas se você quer continuar a evoluir
intelectualmente precisa se esforçar agora mais do que nunca. Do contrário, corre o risco
de desperdiçar todo o seu potencial.
— Tecnicamente — Colin retrucou —, acho que já posso ter desperdiçado.
• • •
Talvez fosse porque Colin nunca tinha causado nenhum desgosto na vida dos pais: ele não
bebia, não usava drogas, não fumava, não passava delineador preto nos olhos, não chegava
em casa de madrugada, não tirava notas baixas, não colocou piercing na língua, não tatuou
as palavras KATHERINE LUVA 4 LIFE de um lado a outro nas costas. Ou talvez porque se
sentissem culpados, como se de alguma forma tivessem falhado com o garoto, feito ele
chegar àquele ponto. Ou talvez porque simplesmente quisessem passar algumas semanas
sozinhos, para reacender o romance. Mas, cinco minutos depois de reconhecer que seu
potencial fora desperdiçado, Colin Singleton estava ao volante de seu Oldsmobile cinza
estilo “banheira” conhecido como Rabecão de Satã.
Dentro do carro, Hassan disse:
— Tá, agora tudo o que precisamos fazer é ir até a minha casa, pegar algumas roupas e,
por um milagre do destino, convencer meus pais a me deixarem cair na estrada.
— Você podia dizer que arrumou um emprego temporário esse verão. Tipo, num
acampamento ou coisa assim — Colin sugeriu.
— Tá, só que não vou mentir para a minha mãe, porque… que tipo de canalha mente para
a própria mãe?
— Humm.
— Mas, é… outra pessoa poderia mentir para ela. Eu poderia conviver com isso.
— O.k. — disse Colin.
Cinco minutos depois eles estacionaram em fila dupla numa rua do bairro de
Ravenswood, em Chicago, e saltaram do carro ao mesmo tempo. Hassan entrou na casa
como um furacão, Colin logo atrás. Na sala de estar lindamente mobiliada, a mãe de
Hassan estava recostada em uma poltrona, dormindo.
— Ei, mama — disse Hassan. — Acorde.
Ela despertou de supetão, sorriu e cumprimentou os dois em árabe. Colin respondeu
também em árabe, dizendo:
— Minha namorada terminou comigo e eu estou muito deprimido, por isso Hassan e eu
vamos partir numa, numa… é… viagem que se faz de carro. Não sei qual é a palavra em árabe
para isso.
A Sra. Harbish balançou a cabeça e franziu os lábios.
— Eu não lhe digo para não se meter com garotas? — começou ela, com um forte sotaque.
— Hassan bom menino, não faz isso de “namorar”. E veja como é feliz. Você deveria
aprender com Hassan.
— É isso o que ele vai me ensinar na viagem — disse Colin, embora nada pudesse estar
mais longe da verdade.
Hassan voltou rapidamente para a sala carregando uma bolsa de viagem com o zíper
fechado até a metade, as roupas transbordando.
— Ohiboke,7 mama — ele disse, inclinando-se para beijá-la no rosto.
De repente, um Sr. Harbish de pijama adentrou a sala de estar e disse em inglês:
— Vocês não vão a lugar nenhum.
— Ah, pai. Nós precisamos ir. Dê uma olhada nele. O garoto está na pior. — Colin levantou
o olhar para o Sr. Harbish e tentou parecer o pior possível. — O Colin vai de qualquer jeito,
mas, comigo, pelo menos vai ter alguém que tome conta dele.
— Colin é bom menino — a Sra. Harbish disse para o marido.
— Vou ligar para vocês todos os dias — Hassan acrescentou. — Nós nem vamos ficar longe
muito tempo. É só até ele melhorar.
Colin teve uma ideia, totalmente de improviso.
— Vou arrumar um emprego para o Hassan — disse para o Sr. Harbish. — Acho que nós
dois precisamos aprender quanto vale o suor do trabalho.
O Sr. Harbish grunhiu, concordando, e então virou-se para Hassan.
— Para começo de conversa, você precisa aprender quanto vale não assistir àquele
programa de televisão horrível, da juíza Judy. Se me ligar daqui a uma semana e tiver
arrumado emprego, por mim, pode ficar onde quiser e por quanto tempo quiser.
Hassan pareceu não se dar conta dos insultos, e murmurou baixinho:
— Obrigado, pai.
Ele deu dois beijinhos nas bochechas da mãe e saiu apressado pela porta.
— Que babaca! — Hassan disse quando já estavam a salvo dentro do Rabecão. — Uma
coisa é me acusar de preguiçoso. Mas difamar o bom nome da melhor juíza da TV norteamericana,
isso é golpe baixo.
• • •
Hassan pegou no sono por volta de uma da madrugada e Colin, um tanto embriagado pelo
café servido com uma quantidade generosa de leite no posto de gasolina e pela revigorante
solidão de uma autoestrada no meio da noite, seguiu para o sul pela I-65, que cruzava
Indianápolis. A noite estava quente para início de junho e, como o ar-condicionado do
Rabecão de Satã ainda não havia funcionado naquele milênio, as janelas estavam um pouco
abertas. E a vantagem de estar ao volante era que o ato de dirigir desviava sua atenção o
suficiente — carro parado no acostamento, talvez a polícia, reduzir para a velocidade permitida, hora de
ultrapassar essa carreta, ligar a seta, olhar pelo retrovisor, esticar o pescoço e tentar enxergar o ponto cego
e, agora sim, tá, faixa da esquerda — para distraí-lo do buraco que se abrira em sua barriga.
Na tentativa de manter a mente ocupada, ele pensou em outros buracos em outras
barrigas. E se lembrou do arquiduque Francisco Ferdinando, assassinado em 1914. Ao olhar
para o furo sanguinolento em seu estômago, o arquiduque dissera: “Não é nada.” Mas
estava errado. Não há dúvida de que o arquiduque Francisco Ferdinando foi importante,
embora não fosse nem prodígio, nem gênio: seu assassinato deflagrou a Primeira Guerra
Mundial — sua morte resultou em 8.528.831 outras.
Colin sentia falta da Katherine. A saudade o mantinha mais desperto que o café, e quando
Hassan pedira para assumir o volante, uma hora antes, Colin dissera não, porque a direção
ajudava a manter sua sanidade — não ultrapasse os 110 km/h; cara, como meu coração está
disparado; odeio o gosto, mas café me deixa tão ligado; tá, e mantenha distância do caminhão; então tá;
pista da direita; e agora só o que se vê é o meu farol na escuridão. Isso evitava que a solidão causada
por aquele sentimento de devastação fosse completamente devastadora. Dirigir era um tipo
de raciocínio em movimento, o único tipo que Colin conseguia tolerar naquele momento.
Mas, mesmo assim, o pensamento continuava à espreita em algum lugar, além do alcance
dos faróis: ela havia terminado o namoro com ele. Uma garota chamada Katherine. Pela
décima nona vez.
• • •
Quando se trata de garotas (e, no caso de Colin, quase sempre se tratava), todo mundo tem
seu tipo. O de Colin Singleton não é físico, mas linguístico: ele gosta de Katherines. E não
de Katies, nem Kats, nem Kitties, nem Cathys, nem Rynns, nem Trinas, nem Kays, nem
Kates, nem — Deus o livre — Catherines. K-A-T-H-E-R-I-N-E. Já teve dezenove namoradas.
Todas chamadas Katherine. E todas elas — cada uma, individualmente falando —
terminaram com ele.
Colin estava convencido de que o mundo continha exatamente dois tipos de pessoas: os
Terminantes e os Terminados. Muita gente poderá argumentar que se enquadra em ambos,
mas quem diz isso não entende direito o “x” da questão: você é predisposto a um destino
ou ao outro. Pode ser que um Terminante nem sempre parta o coração de alguém e um
Terminado nem sempre tenha o coração partido. Mas todo mundo segue uma tendência.8
Talvez, àquela altura, Colin já devesse ter se acostumado a isso, à ascensão e declínio dos
relacionamentos. Namoros, no fim das contas, acabam de um só jeito: mal. Se você pensar
bem, e Colin sempre fazia isso, todo relacionamento amoroso termina ou em (1)
rompimento, (2) divórcio ou (3) morte. Mas com Katherine XIX foi diferente — ou pareceu
ser diferente, na verdade. Ela o amou, e ele também, intensamente. E ainda a amava — ele se
pegou brincando com as palavras em sua cabeça enquanto dirigia: Eu te amo, Katherine. O
nome parecia diferente quando dito para ela; deixara de ser o nome pelo qual Colin fora,
por tanto tempo, obcecado e passara a ser uma palavra que descrevia exclusivamente ela,
uma palavra com aroma de lilases, que capturava o azul de seus olhos e o comprimento de
seus cílios.
Enquanto o vento soprava pelas janelas entreabertas, Colin pensava nos Terminantes, nos
Terminados e no arquiduque. No banco de trás, Hassan roncava e fungava como se
sonhasse que era um pastor alemão. Colin sentia a queimação incessante na barriga, e
pensava: Isso é tudo tão INFANTIL… PATÉTICO. VOCÊ É UMA VERGONHA. PARE COM ISSO
PARE COM ISSO PARE COM ISSO. Mas ele não sabia bem ao certo o que era “isso”.
Katherine I: O Começo (do Começo)
Os pais de Colin sempre acharam que ele fosse simplesmente normal, até uma certa manhã
de junho. Um Colin de 2 anos e 1 mês estava sentado em uma cadeira alta tomando um
café da manhã de origem vegetal indeterminada enquanto o pai lia o jornal Chicago Tribune
do outro lado da pequena mesa na cozinha. Colin era magrinho para a idade, mas alto, com
cachinhos castanhos que brotavam da cabeça com uma imprevisibilidade einsteiniana.
— Três motos em West Side — Colin disse depois de engolir uma colherada. — Não quer
mais verdinho — ele acrescentou, referindo-se à comida.
— Que foi que cê disse, garotão?
— Três motos em West Side. Eu quero batata frita por favor obrigado.9
O pai de Colin virou o jornal e olhou para o título enorme da matéria logo acima da
dobra na primeira página. A cena é a lembrança mais antiga de Colin: o pai baixando o
jornal devagarinho e sorrindo para ele. Os olhos do homem estavam arregalados de
surpresa e satisfação, e ele não conseguia desfazer o largo sorriso.
— CINDY! O GAROTO ESTÁ LENDO O JORNAL! — ele gritou.
Os pais de Colin eram do tipo que gostava muito mesmo de ler. A mãe ensinava francês
na prestigiosa e cara Escola Kalman, no centro da cidade, e o pai era professor de sociologia
na Universidade Northwestern, na zona norte da cidade. Então, depois dos três mortos em
West Side, os pais de Colin começaram a ler com ele, em qualquer lugar e a todo momento
— principalmente em inglês, mas também livros ilustrados com texto em francês.
Quatro meses depois os pais o levaram a uma creche maternal para crianças
superdotadas. O lugar disse que Colin estava muito adiantado para eles e que, mesmo
assim, não aceitavam crianças que ainda não tivessem largado as fraldas. E encaminharam
Colin para uma psicóloga na Universidade de Chicago.
E, assim, o prodígio periodicamente incontinente acabou num consultório pequeno e
sem janelas no bairro South Side, conversando com uma mulher de óculos de armação
grossa, que pediu a ele que encontrasse padrões num conjunto de letras e números. E pediu
que ele virasse polígonos ao contrário. Perguntou qual imagem não combinava com as
outras. Fez uma série interminável de perguntas maravilhosas e isso fez Colin adorá-la. Até
aquele momento, a maioria das perguntas que lhe eram feitas girava em torno do fato de
ele ter ou não mijado nas calças, ou de poder, por favor, comer só mais uma colherada dos
verdinhos detestáveis.
Depois de uma hora de perguntas, a mulher disse:
— Quero agradecer a você por sua paciência extraordinária, Colin. Você é uma pessoa
muito especial.
Você é uma pessoa muito especial. Colin ouvia muito aquela frase e, ainda assim, de alguma
forma, não se cansava dela.
A mulher de óculos de armação grossa chamou a mãe dele no consultório. Enquanto
dizia à Sra. Singleton que Colin era um gênio, um menino muito especial, ele brincava com
blocos de madeira com as letras do alfabeto. Acabou com uma farpa no dedo enquanto
rearrumava v-a-s-o em s-o-v-a — o primeiro anagrama que se lembra de ter feito.
A professora disse à Sra. Singleton que os talentos inatos de Colin deveriam ser
encorajados, mas sem pressão, e advertiu-a:
— Você não deve alimentar expectativas exageradas. Crianças como Colin processam
informações muito rapidamente. Elas demonstram uma capacidade admirável de se
concentrar em suas tarefas. Mas as chances dele de ganhar um Prêmio Nobel não são
maiores do que as de qualquer outra criança razoavelmente inteligente.
• • •
Naquela noite o pai levou para casa, de presente, um livro novo para ele: O pedaço perdido, de
Shel Silverstein. Colin se sentou no sofá ao lado do pai e suas mãos pequenas folhearam as
páginas enormes enquanto ele lia o livro rapidamente, parando apenas para perguntar se
“tô” era o mesmo que “estou”. Colin fechou o livro com veemência ao terminar a leitura.
— Você gostou? — o pai perguntou.
— Gostei — Colin respondeu.
Ele gostava de todos os livros, porque adorava o simples ato de ler, a magia de
transformar os rabiscos de uma página em palavras dentro da cabeça.
— De que fala o livro? — o homem perguntou.
Colin colocou o exemplar no colo do pai e respondeu:
— O círculo perdeu um de seus pedaços. O pedaço perdido tem o formato de uma pizza.
— De uma pizza ou de uma fatia de pizza? — Sorrindo, o pai colocou as mãos em cima da
cabeça de Colin.
— É, papai. Uma fatia. Aí o círculo sai procurando o seu pedaço. Ele acha um monte de
pedaços errados. Aí encontra o pedaço certo. Mas ele acaba deixando o pedaço para trás. E
aí termina.
— Às vezes você se sente como um círculo que perdeu um de seus pedaços? — o pai
perguntou.
— Pai, eu não sou um círculo. Sou um menino.
E o sorriso do pai amarelou um pouco — o prodígio conseguia ler, mas não conseguia
enxergar. Se pelo menos Colin tivesse percebido que um pedaço seu estava faltando, que
sua incapacidade de se ver na história de um círculo era um problema insolúvel, poderia ter
se dado conta de que o resto do mundo iria alcançá-lo conforme o tempo fosse passando.
Pegando emprestada outra história que ele havia guardado na memória mas que não tinha
entendido direito: se pelo menos tivesse sabido que a história da tartaruga e da lebre é
sobre algo mais que uma tartaruga e uma lebre, poderia ter se poupado de um volume
considerável de problemas.
Três anos mais tarde, ele foi matriculado no primeiro ano da Escola Kalman — como
bolsista integral, porque a mãe dava aula lá —, só um ano mais novo que a maioria de seus
colegas de turma. O pai o estimulou a estudar mais e com mais afinco, mas ele não era o
tipo de prodígio que entra para a faculdade com 11 anos. Os pais achavam que deviam
mantê-lo em uma linha educacional mais ou menos normal, para efeito do que se referiam
como “bem-estar sociológico” dele.
Mas o estar sociológico dele nunca ia tão bem assim. Colin não era muito bom em fazer
amigos. Ele e os colegas de turma simplesmente não gostavam das mesmas coisas. Seu
passatempo preferido durante o recreio, por exemplo, era se fingir de robô. Ia andando até
chegar perto de Robert Caseman, marchando com as pernas duras e esticadas, balançando
os braços enrijecidos. Com uma voz monótona, Colin dizia:
— EU SOU UM ROBÔ. CONSIGO RESPONDER QUALQUER PERGUNTA. VOCÊ
QUER SABER QUEM FOI O DÉCIMO QUARTO PRESIDENTE DOS ESTADOS
UNIDOS?
— Tá — dizia Robert. — Minha pergunta é: por que você é tão retardado, Cólon
Canceroso? — Embora o nome de Colin terminasse em “in”, a brincadeira preferida de
Robert Caseman no primeiro ano era chamá-lo de “Cólon”, “Cólon Canceroso”, até Colin
chorar, o que geralmente não demorava muito a acontecer, porque Colin era o que a mãe
classificava como “sensível”. Pelo amor de Deus, ele só queria brincar de robô. O que havia
de tão errado nisso?
No segundo ano, Robert Caseman e sua “gangue” amadureceram um pouco. Percebendo,
por fim, que as palavras não machucam, mas paus e pedras podem com certeza quebrar
alguns ossos, eles inventaram o Abdominável Homem das Neves.10 Ordenavam que Colin
deitasse no chão (e por algum motivo ele obedecia), e então quatro caras pegavam cada um
de seus membros e puxavam. Parecia a prática medieval de evisceração e desmembramento,
mas com garotos de 7 anos puxando não era fatal, só constrangedora e ridícula. Aquilo o
fazia se sentir como se ninguém gostasse dele, o que, honestamente, era a mais pura
verdade. Seu único consolo era que, um dia, ele seria importante. Seria famoso. E nenhum
daqueles caras jamais seria. Era por isso, dizia sua mãe, que o ridicularizavam. “Eles estão é
c o m inveja”, ela dizia. Mas Colin sabia que não era isso. Não estavam com inveja. Ele
simplesmente não era “gostável”. Às vezes é simples assim.
Por isso, tanto Colin quanto os pais ficaram satisfeitos e aliviados quando, logo depois
do início das aulas do terceiro ano, Colin Singleton comprovou seu bem-estar sociológico
ao conquistar (por um curto período) o coração da menina de 8 anos mais bonita de toda
Chicago.
6 O que, por mais patético que possa parecer, era verdade. De fato, Colin vinha querendo aprender sânscrito — que é tipo o
monte Everest das línguas mortas.
7 Do árabe: “Eu te amo.”
8 Pode ser útil pensar nisso graficamente. Colin via a dicotomia Terminante/Terminado como uma “curva de sino”. A
maioria das pessoas fica agrupada no meio; ou seja, são ou ligeiramente Terminados ou ligeiramente Terminantes. Mas aí há
as Katherines e seus Colins:
9 Como um macaco sabido, Colin possuía um vocabulário extenso, mas pouco conhecimento gramatical. Além disso, não
sabia pronunciar direito a palavra “mortos”. Você deve perdoá-lo. Ele tinha 2 anos.
10 Que fique registrado que foi Colin quem inventou o nome. Os outros chamavam aquilo de “O Alongamento”, mas aí, certa
vez, quando estavam prestes a atacá-lo, Colin gritou: “Não façam o Abdominável Homem das Neves comigo!” Foi um nome
tão inteligente que pegou.

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